Minha tristeza não me abate, não esgarça as velas de meu barco e nem afoga minhas
alvoradas. Meus silêncios não atrofiam minha alma; ser introspectivo não me isola de
meus amigos. Não me considero doente porque explode um pranto repentino em meu
peito, e molho o travesseiro de lágrimas “gratuitas”.
Carrego uma quietude bem resolvida. Vez por outra, prefiro manter-me taciturno,
sombrio. Nesses momentos, escolho as sombras aos holofotes, o ostracismo à festa, o
luto à dança.
Aquiesço, ando desapontado com a História. Porém, quero mudá-la, não estou
conformado. Chego a celebrar meus desencantos. Eles me lembram que não me
envenenei de cinismos; desejo calçar meus pés desse realismo cru para espalhar paz e
justiça. Cada um deve decidir se acredita em pessimismos esperançosos, eu acredito.
Assim, meio bisonho, desdenho os arquitetos de castelos aéreos. Acredito na
liberdade, inclusive anárquica. Para mim, a vida não pode ser contida em redomas
utópicas. Repito em meus solilóquios, que condições ideais de temperatura e pressão
só acontecem em laboratórios químicos. O paraíso existe no porvir.
Boicoto recintos religiosos estupidificados por jargões triunfalistas. Sou avesso às
tentativas de massificar as pessoas com sonhos dourados. A homogeneização do senso
crítico me aborrece. Fico cismado com gente que defende certezas absolutas,
esbravejando brutalidades.
Tenho medo de pragmatismo religioso. Desprezo listas de dez passos para o triunfo e
não creio que se deve tentar reduzir qualquer mensagem a cinco “leis”. Reprovo quem
busca enquadrar os comportamentos humanos dentro de padrões previsíveis. Nego a
hipótese de se controlar o futuro ou que as pessoas consigam micro gerenciar a vida
num mundo sujeito a contingências e na companhia de semelhantes dotados de livre
arbítrio. Tudo pode acontecer; quem vive corre riscos. Envelheço e lentamente vou me distanciando de meus verdes anos ufanistas. Vi
demais para sorris com freqüência. Andei por charcos onde a vida valia muito pouco e
hoje caminho com gravidade.
Agora, aprendo o valor das lágrimas porque são elas que mostram o arco-íres.
Ricardo Gondim.
Mês das crianças... oiai minha homenagem...rsrsrs...
Nenhum comentário:
Postar um comentário