março 22, 2013

O Evangelho da Satisfação Pessoal e a Superficialidade Religiosa


Tem sido um grande desafio para a liderança da igreja evangélica atual, lidar com os conflitos interpessoais que minam o convívio cristão pacífico. A luta pelo poder atropela a verdadeira vocação ministerial, alguns membros da igreja querem estar em evidência, mas não querem arcar com o compromisso do verdadeiro chamado divino. Os voluntários para a Obra de Deus engrossam as fileiras em busca de reconhecimento temporal e divino, alguns saem de suas casas para evangelismos e outras atividades, com a vã esperança de prestarem indulgências a Deus e ao seu Pastor. O cenário revala-se perturbador: se por um lado temos aqueles que aderiram ao movimento velado do evangelho da satisfação pessoal, por outro, temos uma multidão de pessoas indiferentes a causa do Reino de Deus, embotados pela superficialidade religiosa.

O desejo pelo ministério é legítimo.
“Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o ministério, excelente obra deseja.” 1 Timóteo 3:1.
Devemos, no entanto, sermos vigilantes quanto às motivações que nos leva a desejar tamanha responsabilidade, e termos a plena consciência de que todos fomos chamados para um ministério (Mt 28:19; Mc 16:15; 1 Ts 5:11). A fidelidade de Deus está em Ele cumprir a Sua promessa, a qual só poderemos honrá-la, dedicando nossas vidas ao Senhor e a sua obra.
Não podemos reduzir a importância da Obra de Deus para a adequarmos às nossas necessidades pessoais, para tomarmos a cabo tamanha missão, precisamos examinar nossas motivações à luz da Palavra de Deus e sob o princípio do amor, verdadeiramente altruísta, que rejeite qualquer necessidade de satisfação pessoal. Mas seria errado nos sentirmos satisfeitos por nossa participação na Obra de Deus? Seria egocentrismo, ou egoísmo esperarmos reconhecimento de nossa liderança? Creio que não, entretanto quando depositamos, totalmente, nossa alegria em servir a Deus, na sensação de prazer provocada por elogios e destaque social, caminhamos para o abismo do evangelho da satisfação pessoal.
A Superficialidade Religiosa, tal qual o Evangelho da Satisfação Pessoal têm em sua essência o vácuo deixado por Cristo, não que Jesus tenha deixado este vácuo por sua iniciativa, mas pela falta de devoção dos praticantes de um cristianismo frio e egocêntrico os quais deixaram de reconhecer a soberania do Senhor em suas vidas.
“Portanto, se há algum conforto em Cristo, se alguma consolação de amor, se alguma comunhão no Espírito, se alguns entranháveis afetos e compaixões, completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa. Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo.” Filipenses 2:1-3
Esta comunhão no Espírito é que a Igreja precisa buscar nestes tempos trabalhosos. Não permitamos que nossas experiências com Deus limitem-se a “assistirmos” aos cultos e, esporadicamente, “participarmos” deste ou daquele evento de impacto social, o Senhor espera mais de nós, e aguarda que venhamos a sua presença de forma mais profunda.
Quando nosso relacionamento com Deus se aprofunda, à medida que nos permitimos um contato mais íntimo e pessoal com ele, através da oração e da meditação da Palavra, sentimos a necessidade, em Cristo, de participarmos mais ativamente da obra na Casa de Deus, de contribuirmos mais para as missões, de freqüentarmos, com mais assiduidade, as escolas bíblicas e seminários teológicos, em suma: passamos a rejeitar a idéia de posicionar nossas necessidades pessoais ao centro de nossas vidas e passamos a desenvolver uma cosmovisão cristocêntrica confiando no poder do Salvador que nos conduzirá a uma profunda comunhão com Deus.

Pela Graça e Conhecimento de Nosso Senhor Jesus
Ir. Leonardo Leite

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