maio 12, 2013


O que tens feito?


João Batista

Leve, esgueirou-se entre espinhos venenosos.
Atento, celebrou sábados esquecidos.
Sóbrio, conversou com silêncios na madrugada.
Cansado, clamou na aragem das montanhas.
Obstinado, intuiu verdades inéditas.
Contrito, insistiu em mensagens impossíveis.
Triste, isolou-se no deserto.
Inconformado, denunciou injustiças.
Digno, recomendou solidariedade.
Esperançoso, propôs utopias.
Sensível, celebrou a salvação.
Veemente, cobrou arrependimento.
Discreto, cedeu espaço.
Pertinente, expôs o mal.
Inocente, viu-se preso.
Humano, duvidou.
Íntegro, perguntou.
Verdadeiro, diminuiu.


Ricardo Gondim

maio 02, 2013

Concorda?

Os indivíduos precisam uns dos outros enquanto se magoam. O próximo pode se tornar fonte de alegria ou de frustração. Os que se isolam, empobrecem. Chega a hora de dizer basta para as decepções. Mas, não é possível resguardar-se do amigo sem perder o viço. Só vive quem não considera o outro a razão do seu inferno. O céu não é fácil, já que se torna necessário relevar as inadequações alheias. Só o longânimo tem chance de ser feliz em um mundo lotado de intolerância.
Viver não é para amadores. Depressão e riso, alegria e tristeza formam a história de cada um. Quem foge da tristeza acaba neurótico, em negação, à procura de um mundo ilusório. Por outro lado, quem não sabe rir termina inclemente, à caça de gente para povoar o seu purgatório.

O tempo passa velozmente carregando tudo e todos. A pior angústia? Ver a areia da ampulheta e o pêndulo do relógio avisando  que o calendário escasseia. Vaidade e megalomania, ladras, espreitam em cada esquina. Alguns não se dão conta que jogam a vida fora. Valorizar o instante parece o segredo onde mora a felicidade, mas ele foge.
Viver, definitivamente, não é para amadores.